segunda-feira, 11 de julho de 2016

Da "escória" para a História!

Por: Paulo Pimenta Machado

Nem Cabral, Magalhães, Zarco, Vasco da Gama e Cão imaginariam que as terras que a princípio foram descobertas para explorações de riquezas trariam nas pessoas uma de suas maiores conquistas. A seleção da escória traz os seus grandes heróis de diferentes tipos de naturalidades, e todas elas em um só destino, dentro de apenas um único propósito. Talvez tenha sido o roteiro, suado, onde até mesmo os próprios navegadores achassem que já estivessem perdidos. Os mares eram longos e a navegação totalmente brusca, em risco, talvez não por quem estivesse esperando a chegada, mas sim por quem não sabia o que fazer assim que deram a partida.
Nem Do Carmo, Mariza e Amália fariam uma composição tão diferente ou talvez conseguissem imaginar apresentação tão distinta. Onde o começo estava bem aquém do esperado, onde o fado estava sem alma, onde o povo não cantava de olhos fechados. Mas que aos poucos a escrita fora se desventurando e o fado chegando ao ponto máximo da melodia. De repente o vocalista sofre um acidente vocal e não pode mais cantar. A plateia se cala e não acredita no que está vendo, não acredita do que está sentindo. Mas tudo isto é fado, e o show tem que continuar. Os back-vocals assumem o comando e no refrão principal soltam a voz como nunca haviam soltado, como nem imaginariam que tinha tal capacidade para fazê-lo.


Nem Camões ou Pessoa imaginariam um desfecho tão inacreditável como acontecera, no dia 10/07/2016 em Paris, na França. Testemunhamos algo que se desvincularam dos Sonetos, das Cantigas, quiçá Obsoletos de quaisquer tipos de rima. Os atuais escritores ditaram uma nova forma de escrever, viajaram no tempo e inovaram, fizeram o difícil parecer fácil e o esperado não valer muita coisa. Transformaram elegia em alegria, éclogas em tristeza. Emocionaram o mundo todo escrevendo a própria estória com a ponta da chuteira, com a lágrima do seu principal escritor como tinta.

Nem eu, nem você e nem ninguém acreditava. Mas a verdade, é que o roteiro de incríveis seis empates e apenas uma vitória trouxeram o título para casa. As grandes navegações e a mania por conquistar riquezas e escravizar pessoas deixaram qualquer Rei sem reação. Depois de alguns séculos, as escórias que os mares e domínios terrestres trouxeram a Portugal deram a principal alegria futebolística do pais.

Anthony Lopes que é francês,
Cedric que é alemão,
Pepe que é brasileiro.
Raphael Guerreiro que é francês.
Adrien Silva que é francês,
Danilo que é de Guiné-Bissau,
William Carvalho que é de Angola,
Cristiano Ronaldo da colonizada Ilha da Madeira,
Éder que é de Guiné-Bissau,
Nani que é de Cabo Verde e
O escritor com quem vos fala é brasileiro.

Depois de séculos de navegações, explorando riquezas, expandido territórios e achando que tinha que deixar uma escória, Portugal enfim começa a enxergar sua principal riqueza. As pessoas.

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quarta-feira, 30 de março de 2016

A diferença entre o Gestor e o Chefe

Por: Paulo Pimenta Machado


Depois de quase dois anos sem escrever algum texto referente a Futebol, me sinto obrigado a comentar o que penso em relação ao Dunga e a sua Seleção Brasileira.

O "7 x 1" deixou algumas lacunas que não foram preenchidas. Quando Dunga assumiu, o principal comentário que rodava nas redes sociais era de: "Ele não é conhecedor do futebol moderno mas fez um time competitivo, merece a oportunidade."

Negativo, a Seleção Brasileira depois de um século, sob comando do Dunga, virou referência de futebol armado exclusivamente para o contra-ataque. Num 4-4-2 (losângulo), o time jogava explorando a solidez defensiva (três jogadores da Internazionale de Mourinho) e vencendo seus adversários no contra-golpe.

É um recurso que deu certo em muitas seleções, inclusive na brasileira. A Copa de 1994 é um exemplo notável. A seleção brasileira venceu uma Copa na defensiva, pois a equipe se adaptou a esse estilo e teve um inspiradíssimo Romário que praticamente foi campeão sozinho. Um modelo que não foi copiado nem no periodo da Copa de 1998, quem dirá quase vinte anos depois?

Para ser merecedor deste desejado cargo, depois de um futebol pobre, que deu certo (se fomos levar em consideração aproveitamento numérico), Dunga precisaria nesses quatro anos ser campeão de praticamente tudo por onde passasse. Não foi o que aconteceu, a partir do momento que Dunga encerrou seu ciclo em 2010, até o dia do "7x1", ficou DOIS anos no marasmo, "se reciclando" para apenas conseguir um mero Campeonato Gaúcho em 2013, onde sua equipe, o Internacional, também apresentou um futebol pobre e sem qualidade técnica e tática.

Outro ponto que piora mais ainda a situação de Dunga, é o seu comando como treinador e suas filosofias apresentadas. Novamente conceitos arcáicos, sem sentido pro futebol moderno, justificativas esdruxulas em coletivas de imprensa. Ou seja, tudo de pior que o futebol NÃO PRECISA.

O mais engraçado é ver grande parte da torcida e da IMPRENSA comentar que a geração é uma geração pobre, sem talentos. Ai eu me pergunto se essa grande maioria realmente acompanha futebol, ou se só convém comentar sobre. Fazendo uma análise rápida podemos ver que dos oito grandes time do futebol mundial, daria para formar uma seleção competitiva com seus jogadores titulares, coisa que em 2010 por exemplo, não se tinha.

BARCELONA:

Daniel Alves (LD)
Neymar (A)

REAL MADRID:

Marcelo (LE)

BAYERN:

Douglas Costa (A)

JUVENTUS:

Alex Sandro (LE)
Neto* (G) titular na Copa da Itália

PSG:

Thiago Silva (Z)
David Luiz (Z)
Maxwell (LE)
Lucas (A)

MANCHESTER CITY:

Fernandinho (V)

ATLETICO DE MADRID:

Filipe Luis (LE)

CHELSEA

Willian (M)



O time seria formado num 4-3-3 com: Neto, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo; Fernandinho, Alex Sandro (Está jogando muito de meia pela esquerda no time de Allegri), Willian; Douglas Costa, Lucas e Neymar. Isso por que eu não coloquei os jogadores reservas desses clubes, que caso não jogassem em alguns, seriam titulares na maoria dos clubes do mundo.

Também vale ressaltar vários jogadores em clubes um pouco menos badalados, que são protagonistas em seus clubes. Jonas (Benfica), Hulk (Zenit), Coutinho e Firmino (Liverpool), Miranda (Internazionale), Diego Alves (Valência), Luiz Gustavo (Wolfsburg). Além dos jogadores que se destacam na seleção olímpica, como: Felipe Anderson (Lázio), Gabriel (Santos), Rafinha (Barcelona), Fabinho (Mônaco) e Marquinhos (PSG)


Outro ponto que me deixa bastante incomodado com Dunga é o seu rancor em situações que podem ser controladas. Se ele tem um dos melhores zagueiros do mundo a sua disposição e por um acaso esse jogador erra numa decisão, o Dunga não deveria exclui-lo pelo erro, e sim dado a confiança que ele merecia e merece. Por que o Dunga não tomou a mesma atitude com Neymar, depois da expulsão? Simples: A imprensa e a torcida que acham que entendem de futebol já estavam pegando no pé de Thiago desde a Copa do Mundo por uma questão emocional (que deveria ser contornada pelo treinador), então ele seria um alvo fácil pra satisfazer o interesse da grande massa. Já com Neymar, que por um acaso é o novo capitão, Dunga blindou. Engraçado que esse mesmo Neymar, já a nível de seleção brasileira, não foi convocado pelo mesmo na Copa de 2010 por motivos que não davam pra compreender, tanto é que ele era o principal jogador de um time que o atacante titular (Robinho) era um mero coadjuvante.

O Brasil precisa de gestores, pessoas que se agarrem em um projeto e usem todo seu conhecimento para que esse projeto dê certo.
Dunga nasceu pra ser chefe, e um chefe é aquele que obedece as ordens dos seus superiores. No caso, Dunga é o reflexo da CBF. Assim como a CBF é um reflexo do Brasil, que é o reflexo do povo brasileiro. E isso é preocupante.

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terça-feira, 3 de dezembro de 2013